Título da Conferência: Património: uma questão de senso

Resumo: Bem ou mal, tem sido os arquitectos os agentes principais no tratamento e transformação dos bens patrimoniais e a contribuição fundamental que tem dado, parece nem aos próprios aproveitar na consolidação teórica e conceptual que se impõe trazer à superfície.
Bastará, pois, de discursos genéricos de “boas intenções”, tantas vezes associados a uma atitude muito alargada de resistência à mudança e de desconforto perante ela: muitas vezes o património é o álibi estruturante da incompreensão da cidade moderna nas suas características formais, culturais e vivenciais, pelos meios da cultura e da política.
A questão mais séria que se põe neste contexto é, talvez, a de saber até que ponto o totalitarismo patrimonial não esconde uma utopia ou uma demagogia da continuidade - da vida, da cidade, da memória - que é, paradoxalmente, acompanhada pela liquidação quase sistemática da potência evocativa dos restos do passado.
Parece ser necessário desenvolver a consciência popular patrimonial que passa, muito claramente, para além de outras questões de natureza ética ou cultural, pela consciência do valor do património como factor de desenvolvimento. O contrário de congelar a construção do futuro pela preservação de restos do passado cujo significado consiste, tantas vezes, apenas, em terem existido.
A questão da identidade cultural - e a do património, portanto - é cada vez mais actual. O património assume-se como um campo de debate político.

 

 

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